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Escoliose: Definição, Classificação, Colete, Cirurgia…

15 de março de 2022
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Por Profa Laís Cristina Almeida, Ft, Psic, MSc, ESP, DO

Definição, classificação, consequências, cifose torácica juvenil, colete e cirurgia

 

Definição da Escoliose

A escoliose é definida como um desequilíbrio postural caracterizado por alterações nos 3 planos do espaço: plano sagital observa- se a hipercifose ou retificação; plano frontal, a lateroflexão e plano transversal a rotação. É também definida como uma curvatura lateral da coluna vertebral com um ângulo de Cobb de 10º ou mais. Na escoliose se observa lateroflexão para um lado e rotação para o lado oposto. Convencionalmente nomeia- se a escoliose pelo lado da convexidade, ou seja, lado da rotação.

Classificação da Escoliose

A escoliose pode ser classificada em escoliose não- estrutural, transitória e estrutural.

Escoliose Não- Estrutural

  • Escoliose Postural

Escoliose Transitória

  • Escoliose Antálgica
  • Escoliose Histérica

Escoliose Estrutural

  • Idiopática (70- 80% dos casos)
  • Congênita
  • Neuromuscular: Poliomielite, Paralisia Cerebral, Serigomielia, Distrofia Muscular, Amiotonia Congênita, Ataxia de Friedreich
  • Neurofibromatose
  • Desordens Mesenquimais: Síndrome de Marfan, Síndrome de Morquio, Artrite Reumatoide, Osteogenese Imperfeita
  • Trauma: Fraturas, Irradiações, Queimaduras, Cirurgias

             

Escoliose Idiopática

A escoliose idiopática tradicionalmente pode ser classificada de acordo com a idade em que ela começa a se desenvolver: Escoliose idiopática infantil, juvenil e do adolescente. Outra classificação da escoliose idiopática: Escoliose Estática Postural e Escoliose Estática Estrutural.

 

Classificação Tradicional da Escoliose Idiopática

Escoliose Idiopática Infantil

A escoliose idiopática infantil tem inicio antes do primeiro ano de idade, porém alguns autores sugerem antes dos 3 anos de idade. Ela possui 60% de evolução favorável, até a resolução espontânea e 40% de evolução severa. O diferencial entre estas duas formas é possível mediante o traçado do ângulo costovertebral de Mehta (1972).

A literatura demonstra uma associação de mais de 85% das escolioses infantis com a plagiocefalia.

 

Escoliose Idiopática Juvenil

A escoliose juvenil tem início entre 4 e 9 anos. Em outra citação ela tem início entre 3 a 10 anos. A proporção de diagnóstico de escoliose nessa idade é de 21%.

 

Escoliose Idiopática do Adolescente

Tem início entre 10 e 17 anos. Sua etiologia é multifatorial, o fator genético é preponderante. O tratamento da escoliose do adolescente depende da saúde em geral, da gravidade, da idade cronológica e óssea do paciente pois o crescimento é fator importante na evolução da escoliose. As curvas tendem a progredir durante o estirão de crescimento.

Ela apresenta-se sobretudo no sexo feminino, numa proporção de 5:1. Devido à aceleração do crescimento e as alterações viscoelásticas que ocorrem nos discos no período da menarca a coluna torna- se mais instável favorecendo o surgimento da escoliose.

O uso de colete na escoliose do adolescente pode ser necessário para controle da progressão.

 

Outra Classificação da Escoliose Idiopática

Escoliose Estática Postural

É um tipo de escoliose flexível, adaptativa, não evolutiva, sem rotação de corpos vertebrais.

Escoliose Estática Estrutural

É um tipo de escoliose evolutiva, pode ser rígida ou flexível apresentando rotação dos corpos vertebrais.

 

Considerações sobre as Deformações Vertebrais na Escoliose Estrutural

Pode ser ascendente ou descendente e de forma geral apresenta rotação vertebral significativa em apenas uma de suas curvaturas. Essa escoliose apresenta-se em dupla ou tríplice curvatura. É importante ressaltar que na escoliose antálgica encontra- se somente uma curvatura. Nos casos de curvaturas múltiplas, da escoliose estática, chama- se curva principal aquela que possui maior número de vértebras ou maior rotação. As curvas menores são chamadas de secundárias, uma curva é chamada de compensação ou de equilibração quando ela não apresenta rotação em radiografia.

Durante a evolução da escoliose estrutural a deformação dos corpos vertebrais se instala progressivamente. Dessa forma, a pressão exercida sobre as placas de crescimento vertebral do lado côncavo da curvatura diminui o crescimento desse lado. Enquanto a tração exercida nas placas do lado convexo faz aumentar o crescimento. Então a altura da vértebra fica maior do lado convexo do que do lado côncavo provocando o que denomina- se acunhamento das vértebras.

 

Como Identificar Visualmente Possíveis Sinais de uma Escoliose

Assimetrias

  • Um ombro mais alto que o outro
  • Um lado da pelve mais alto que o outro
  • Uma cintura mais marcada que a outra
  • Um lado do tronco diferente do outro

Teste de Adams

É um teste simples para diagnosticar uma escoliose.

Realiza- se dobrando o tronco para frente, flexão de quadril a 90º, membros inferiores unidos e estendidos. Então observa- se a existência ou não de uma saliência na parte superior ou inferior da coluna. Caso apareça saliência ou giba significa que a escoliose é estrutural, ou seja, apresenta rotação dos corpos vertebrais. Essa saliência pode ser vista na posição ereta. Caso a coluna permaneça alinhada e sem saliência pode- se considerar a escoliose como postural.

            

Figura 1 – Teste de Adams. Fonte: ALMEIDA, 2004.

  • Normalmente quem descobre a presença de uma assimetria no corpo da criança ou adolescente são pessoas fora do círculo familiar pois os pais ou familiares já estão habituados com a postura assimétrica e a considera normal
    • Por exemplo: duas amigas caminhando na praia e as duas filhas na frente, uma comenta com a outra “você não acha que sua filha está torta?”. A mãe responde que não. Enfim, a amiga convence a mãe da adolescente que ela está torta. Então a mãe leva a filha para fazer exames e é diagnosticado uma escoliose.

 

Consequências Respiratórias, Estéticas e Neurológicas da Escoliose Estrutural

Na escoliose devem ser avaliadas as consequências respiratórias, estéticas e neurológicas.

As consequências estéticas estão, sobretudo, presentes nos adolescentes e mais relacionada com a gibosidade e deformidades torácicas gerando consequências físicas e psicológicas.

As consequências respiratórias são preocupantes em caso de escoliose primária torácica grave. A rotação vertebral provoca progressivamente deformidades das costelas e do tórax podendo levar a complicações cardiorrespiratórias em escolioses torácicas severas.

As consequências neurológicas medulares apresentam- se somente em formas muito severas com deslocamento rotatório torácico. É uma eventualidade excepcional. A constatação de distúrbios neurológicos mesmo leves deve ser motivo de busca de uma patologia associada.

 

Doença de Scheuermann ou Cifose torácica juvenil

Essa cifose é muitas vezes associada com a escoliose. Mais de 10% da população adolescente apresentam sinais da mesma. Ela desenvolve–se também durante os estirões de crescimento e é medida com radiografia ou tomografia torácica de perfil.

Na doença de Scheuermann encontram- se contornos ondulados dos platôs superiores e inferiores das vértebras torácicas, encunhamento anterior dos corpos vertebrais e cifose torácica. Apresenta envolvimento de múltiplas vértebras torácicas por nódulos de Schmorl (hérnias intra- esponjosas). A presença de três nódulos de Schmorl é patognomônio desta doença.

Figura 2 – Tomografia lateral da coluna torácica. Identificando a doença de Scheuermann. Fonte: GREEMSPAN, 2006.

Tipos de Colete


Boston Brace (Órtese Tóraco- Lombo Sacra TLSO)

Mais comumente prescrito e também chamado de “baixo perfil” ou colete abaixo das axilas, estende- se: abaixo do peito até início da pelve. Esse colete é adequado para curvaturas que tem o seu ápice abaixo da oitava vertebra torácica (T8).

 

Figura 3 – Boston brace OTLS. Fontes:http://ortesesortopedicas.com.br/colete-otls-alto-otls-baixo/uso-de-colete-ortopedico-otls/; http://orthocampus.com.br/produtos/colete-o-t-l-s/; https://www2.unicentro.br/orteseprotese/materiais-fornecidos-orteses/?doing_wp_cron=1644515383.6044950485229492187500

 

Milwankee Brace (Órtese Cervico- Tóraco- Lombo- Sacra)

Frequentemente utilizado para curvas torácicas com ápice acima de T8. Se estende do pescoço até a pelve. Consiste em uma cintura pélvica de plástico especialmente moldada aos contornos corporais e um anel que circunda o pescoço, ligados por barras de metal na frente e na parte de trás do colete.

Figura 4 – Milwankee Brace. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/448530444114563660/

 

Colete 3 D – Rigo Cheneau

É um colete termoplástico projetado para tratar a escoliose de forma conservadora, levando em consideração a característica tridimensional dessa enfermidade. Foi desenvolvido na França e na Alemanha e atualmente é um dos coletes mais utilizados.

Figura 5 – Rigo Cheneau. Fonte: https://shoppingortopedico.com.br/colete-3d-ou-rigo-cheneau/

Cirurgia na Escoliose

O princípio de intervenção cirúrgica é de fusionar as vértebras incluídas na deformação da coluna vertebral. É necessário, portanto esperar que o crescimento da coluna seja suficientemente avançado para intervir cirurgicamente.  Aproximadamente 13 anos de idade na mulher e 15 anos no homem. É o momento do fechamento da cartilagem ilíaca, estágio 4 de Risser. A cirurgia então pode ser realizada sem risco para o crescimento.

O sinal de Risser é um marcador de maturidade esquelética obtido através de radiografia da pelve e indica o estágio de ossificação da crista ilíaca. São 5 os estágios de Risser. Pode- se também medir a maturidade ou idade óssea através de radiografia de mão e punho.

 

Figura 6 – Sinal de Risser: os 5 estágios de Risser. Acesso: https://silo.tips/download/semiologia-ortopedica-da-coluna-vertebral

 

Figura 7 -Radiografia de mão e punho para a determinação da idade óssea. Acesso: http://nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/documentos/artigos/7ab712ea756f57ceb877662f3a6ed2fc.pdf

  

Aguarde nas próximas semanas A ESCOLIOSE SEGUNDA PARTE: Controle radiológico, análise radiológica, método de Cobb, limitações do método de Cobb, medida de Nash- Moe.

 

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Referências

ALMEIDA, L. Reeducação postural e sensoperceptiva: fundamentos teóricos e práticos. Rio de Janeiro: MedBook , 2006.

BIENFAIT, M. Os desequilíbrios estáticos. São Paulo: Summus, 1995.

CAILLIET, R. Escoliose. São Paulo: Manole, 1989. DORFMANN, H. (Coord.). Scoliose idiopathique de l’enfant et de l’adulte. Paris: Elsevier, 2004.

GOLD III, J.A. Fisioterapia na ortopedia e medicina do esporte. 2.ed. São Paulo: Manole, 1993.

GREEMSPAN, A. A radiologia ortopédica: uma abordagem prática. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

GRIEVE, G.P. Moderna terapia manual da coluna vertebral. São Paulo: Médica Panamericana, 1994.

MALFAIR, D. et al. Radiographic evaluation of scoliosis. American Journal of Roentgenology, v. 194, n. 3_suplement, p. S8-S22, 2010

PERDRIOLLE, R. La scoliose: son étude tridimensionnelle. São Paulo: Maloine, 2006.

PETERSON, L.; NACHEMSON, A. Prediction of progression of the curve in girls who have adolescente idiopathic scoliosis of moderate severity. Logistic regression analysis based on data from The Brace Study of the Scoliosis Research Society. J Bone Joint Surg. 1995.

SOUCHARD, P.; OLLIER, M. Les scoliosis: traitement kinésithérapique et orthopédique. Paris: Masson, 2002.

SAVARESE, L. et al. Equilíbrio sagital espinopélvico: o que o radiologista precisa saber? Radiol. Bras. 2020 Mai/Jun;53(3):175–184.

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COMENTÁRIOS:

L
Luciana
Que riqueza de conteúdo, aprendo muito com vocês. Continuem nos presenteando com esses blogs maravilhosos.
A
Administrador do Site
Que bom que gostou, Luciana! Queremos mesmo que os blogs contribuam para o conhecimento de vocês. Obrigada pelo seu comentário!

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