Por Profa Laís Cristina Almeida, Ft, Psic, MSc, ESP, DO
Os diversos ossos do crânio são interligados através de suturas e espaços denominados fontanelas que na criança não são fusionados. A fusão da maioria das suturas acontece entre 2 e 24 meses. Esta particularidade permite que o crânio seja compressível durante o parto e o crescimento do cérebro. A cabeça do bebê é, portanto, frágil e maleável e assim apoios prolongados ou pressões fortes sobre o crânio pré ou pós natal podem deformá-lo. Então as assimetrias podem estar presentes desde o nascimento ou se instalar progressivamente durante os primeiros meses de vida. Uma criança em cada três apresenta assimetria craniana.
Pressões prolongadas sobre o crânio; espaço uterino limitado; aumento do líquido amniótico; posição inadequada do bebê (sentada, transversa); gravidez múltipla; gestante acamada por muito tempo; falta de vitamina D; apresentação do bebê de forma inadequada; encaixe prematuro do bebê; prematuridade; pelve estreita; trabalho de parto prolongado; uso de fórceps, ventosa, etc.
Presença de rotação da cabeça preferencialmente para um lado; bebê alimentado sempre do mesmo lado; ficar muito tempo em decúbito dorsal; torcicolos; falta de mobilidade global do bebê; contato prolongado da cabeça sobre uma superfície; alimentação através de mamadeira: criança com a cabeça apoiada sempre do mesmo lado do braço da mãe; falta de estimulação do bebê.
Evitando as causas acima pode-se prevenir e potencializar o tratamento das deformidades.
É um reflexo primitivo, desencadeado por mudança da posição da cabeça em relação ao tronco e está presente no primeiro trimestre de vida. Ele é consequente da tendência da criança em manter a cabeça voltada para um ou outro lado se manifestando tanto na rotação para a esquerda quanto para direita.
Essa assimetria postural cefálica provoca mudanças tônicas assimétricas nos músculos do pescoço. É frequente que a assimetria seja mais nítida nos membros superiores. Aparece em decúbito dorsal e ventral sendo importante para o conhecimento do corpo e sua situação no espaço. Em decúbito dorsal os membros do lado fascial estendem-se e do lado nucal flexionam-se. Em decúbito ventral ocorre o oposto. A manutenção rígida desse padrão para qualquer um dos lados é considerada patológica.
A semi-rotação lateral na qual a criança é mantida nos braços maternos durante a mamada coincide com a atitude imposta naturalmente pelo predomínio tônico cervical assimétrico nos primeiros 3 meses de vida.
O reflexo tônico cervical assimétrico desaparece entre o quarto e quinto mês de vida e permite ao bebê alinhar a cabeça e aos membros adotarem uma posição simétrica e assim levar as mãos para a linha média.
Atenção ao examinar o bebê para distinguir o reflexo tônico cervical assimétrico de padrões disfuncionais de rotação preferencial para um lado.
Plagiocefalia, braquiocefalia e dolicocefalia.
Cada um desses tipos de deformidade é classificado em 3 estágios: leve, moderado e severo.
É a mais frequente das deformidades cranianas, presente em 85% dos casos. A plagiocefalia posicional se caracteriza por um achatamento assimétrico da parte posterior do crânio. Nas formas mais acentuadas observa-se uma anteriorização da hemiface do lado comprometido, uma bossa frontal e um desalinhamento das orelhas. A cabeça do bebê tem a forma de um paralelograma.
Figura 1 – Plagiocefalia no plano transverso. Fonte: Cedido por Philippe Manuard.
A braquiocefalia posicional se caracteriza por um achatamento do conjunto da parte posterior do crânio. Perda do arredondado da parte posterior do crânio, um alongamento do alto da cabeça e uma fronte proeminente.
Figura 2 – Braquiocefalia no plano transverso. Fonte: Cedido por Philippe Manuard.
Figura 3 – Braquiocefalia no plano sagital. Fonte: Cedido por Philippe Manuard.
A dolicocefalia posicional é uma deformidade craniana pouco frequente. É, sobretudo, presente em bebês prematuros e naqueles que ficaram em posição sentada na gravidez. O crânio do bebê se apresenta alongado e muito estreito.
Figura 4 – Dolicocefalia no plano transverso. Fonte: Cedido por Philippe Manuard.
Pode haver nos bebês combinação de deformidades, tais como: Plagiocefalia e Braquiocefalia; Plagiocefalia e Dolicocefalia.
A craniossinostose é a consequência de um fechamento de uma ou mais suturas prematuramente. Em função da sutura ou suturas afetadas a cabeça apresenta- se com formas diversas. A fusão prematura das suturas impede o crescimento perpendicular do crânio. O aumento do volume do cérebro levará a um crescimento compensatório paralelo do crânio. O diagnóstico é confirmado através de exames de imagem e o tratamento indicado é o cirúrgico.
Na literatura encontra-se associação do torcicolo com a plagiocefalia e com a escoliose infantil em uma proporção maior que 85%. A escoliose leva a uma deformidade progressiva do tórax do bebê. Se o bebê gira a cabeça preferencialmente para a direita, pode desenvolver uma convexidade torácica à esquerda.
Figura 5 – Plagiocefelia e escoliose: deformidade do crânio e do tórax (A e C ambos normais; B e D plagiocefalia e escoliose). Fonte: DORFMANN, 2004.
Você deseja ter uma gestação mais saudável, prevenindo futuras disfunções para você e seu bebê?
O seu bebê apresenta algum desses sinais ou sintomas descritos acima?
BONETTI, C. L. Escolioses. In: BARROS FILHO, Tarcísio, E. P. de ; BASILE JUNIOR, Roberto. Coluna vertebral. São Paulo: Savier; 1995. p. 77-90
CHIROPRACTEUR, J. Les différents types de déformations crâniennes. Disponível em: <https://www.chiropraxie-lyon.com/blog/articles/les-differents-types-de-deformations-craniennes>. Acesso em: 02 fev 2022.
DORFMANN, H. (Coord.). Scoliose idiopathique de l’enfant et de l’adulte. Paris: Elsevier, 2004.
FAJARDO, F. Tratado Integral de Osteopatía Pediátrica. Madrid: Dilema, 2013.
GHIZONI, E. et al. Diagnóstico das deformidades cranianas sinostóticas e não sinostóticas em bebês: uma revisão para pediatras. Revista Paulista de Pediatria, v. 34, p. 495-502, 2016.
MOE, J. H. et al. Scolioses and Others Spinal Deformities. Philadelphia: Orthopaedic Surgery, 1978.
WYNNE-DAVIES, R. Familial (Idiopathic) Scoliosis. London, The Journal of Bone Joint Surgery. v. 50 – B, n. 1, 1968.
Deixe um comentário